Desde a primeira até à última garfada, os grandes restaurantes são construídos com base na paixão, criatividade e um profundo amor pela comunidade. Conversámos com o O Finalmente para saber mais sobre o seu percurso até à abertura do restaurante, os sabores que mais os inspiram e o que os mantém ligados à vibrante cultura de Tavira.
P: Falem-nos um pouco sobre vocês.
R: Nascido na Manta Rota selvagem e livre de 1978, O Finalmente começou como um simples bar de praia: uma cerveja fresca na mão, boa música no ar e os pés ainda com areia. Ao longo das décadas, foi evoluindo com os tempos - sem nunca perder a alma — até se transformar no restaurante familiar acolhedor e autêntico que é hoje.
P: O que vos Inspirou a começar e como é que se envolveram?
R: O Finalmente é mais do que um restaurante: é uma casa de família. Fundado pelos nossos pais, mantém-se nas mãos da mesma família desde o primeiro dia. Desde 2020, passou oficialmente para a segunda geração — nós, a Cristiana e o Simão – dois algarvios com sal no sangue e histórias de Infância entre tachos, panelas e mesas cheias de gente feliz. Crescemos neste espaço, a aprender com os melhores: a nossa mãe, Noémia, e a incansável Célia, cozinheiras com mãos de mãe e coração de avó, que conhecem os sabores do Algarve como ninguém. Hoje, fundimos essa sabedoria com o nosso olhar contemporâneo, trazendo à mesa uma cozinha portuguesa tradicional com toques criativos, sem nunca perder a essência. O que nos move? Preservar e celebrar a verdadeira gastronomia algarvia, aquela que se está a apagar e que tanto queremos manter viva.
P: O que é que acham que faz de Tavira, e da região, um lugar tão único?
R: Temos um carinho especial por Tavira, claro, mas como o nosso coração (e restaurante!) está na Manta Rota, aproveitamos para destacar esta pequena joia à beira-mar. Com um areal imenso e uma natureza ainda preservada, é o local perfeito tanto para quem procura sol e mar no verão, como para quem deseja paz e contemplação no inverno. Por aqui, criam-se memórias de verão com amigos e família — e no resto do ano, há caminhadas pela praia, pores-do-sol sobre o mar e aquela sensação rara de que o tempo abranda. Um passeio entre a Manta Rota e Cacela Velha, por exemplo, é como mergulhar na serenidade da natureza algarvia.
P: Tem algum sítio favorito nesta área que acha que mais pessoas deviam conhecer?
R: A zona da Ria Formosa, especialmente entre Cacela Velha e o sítio da Fábrica, é um verdadeiro segredo bem guardado. Marés calmas, vida selvagem, ostras frescas e uma luz dourada ao final do dia que parece mágica. E daqueles lugares onde se sente o verdadeiro espírito do Algarve - simples, natural e absolutamente único.
P: O que é que se segue para si neste projecto?
R: Neste momento, estamos focados em reforçar aquilo que sempre nos definiu: a autenticidade. Queremos continuar a servir pratos que honram a tradição algarvia, tanto nos sabores como nas histórias que carregam. Mas também estamos atentos ao que cresce na região, como os vinhos algarvios — que começam finalmente a ganhar a atenção que merecem. Estamos a construir uma carta com produtores locais, rótulos surpreendentes e harmonizações que elevam a experiência à mesa.
P: Se pudesse descrever-se em três palavras, quais seriam?
R: Autenticidade, tradição e boa comida.
P: Qual é o seu pedido preferido num restaurante ou café local?
R: Papas de Milho com Conquilhas, um prato que sabe a mar e infância, e para terminar em beleza, um Dom Rodrigo. Algarve puro!
P: Se tivesse um dia livre para explorar ou desfrutar do Sotavento Algarvio, como é que o passaria?
R: Começava com um passeio matinal na praia da Manta Rota, de pés descalços e alma leve. Depois, café forte e um pastel de nata numa esplanada virada para o mar. Seguia para um almoço demorado com peixe grelhado e vinho branco fresquinho. À tarde, uma sesta à sombra, uma visita a Cacela Velha ao pôr do sol e, quem sabe, uma ceia tardia com amigos, boa conversa e o som das cigarras a embalar o verão.
P: Qual é um talento escondido ou um facto engraçado sobre si que a maioria das pessoas não sabe?
R: Sabiam que O Finalmente se chama assim... porque as licenças demoraram tanto a sair que, quando finalmente chegaram, o nosso pai disse: "Finalmente!"? E pronto, ficou o nome! Uma história algarvia, com burocracia à mistura e muito sentido de humor.
O Finalmente é mais do que um lugar para comer — é uma celebração dos sabores ricos de Manta Rota, da hospitalidade calorosa e do espírito comunitário. Seja você um local ou apenas de passagem, cada visita é uma oportunidade de saborear comida feita com paixão e carinho.
Informações de contato
O Finalmente
Manta Rota, 8900-038 Vila Nova de Cacela
Telefone: 910 008 066
Horas: 12:30 - 15:00 / 20:00 - 22:30 Fechado às quintas-feiras e domingos à noite (Nota: Horário de Verão)